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O tiroteio do bairro da Quinta da Fonte- dois anos depois

Este ano dia 11 de Julho transcorreram dois anos desde que o país real, recebeu com evidente escândalo, choque e consternação as imagens difundidas pela SIC (estação de televisão) de dois grupos que armados com caçadeiras e algumas armas ligeiras no Bairro de Quinta da Fonte, na Apelação.
As imagens dignas de um faroeste, lembravam também as de um conflito algures no médio oriente....mas não...


Como tudo começou
Sobre os incidentes que envolveram dois grupos de quase 50 pessoas, das etnias cigana e africana correm algumas versões.
Uma delas dava áfico de armas.conta de que haviam negócios de drogas e outra de tráfico de armas, armas vendidas aos africanos pelos membros de etnia cigana.
Correram também rumores de que existiam também questões passionais.
Versão da comunidade cigana
Segundo relatou o "Diário de Notícias" na sua versão electrónica :
"De acordo com o comissário Resende da Silva, da PSP de Loures, a polícia foi chamada ao bairro perto das 20.30 para pôr termo a uma desordem na via pública, entre famílias de etnia cigana.
 No meio da refrega registaram-se ferimentos ligeiros em nove pessoas, uma das quais seria um elemento da comunidade negra, também residente no bairro.
O sentimento de vingança não se fez esperar junto dos moradores de origem africana.
O facto de o indivíduo ter sido apanhado à margem do conflito, entre elementos da outra comunidade e a tensão latente já conhecida entre ambas foi o suficiente para acender rastilho.
Depois foi o que se viu nas imagens transmitidas pela SIC (ver fotos em cima).
 O grau de violência do episódio e o inusitado número de armas nas mãos dos moradores levam a concluir que a posse de armamento - pistolas automáticas e caçadeiras - é situação banal naquele bairro problemático da periferia de Lisboa.
No final dos desacatos da tarde, a PSP que durante a noite mobilizara um carro patrulha e dois carros de piquete (18 homens) para o local, apreendeu cinco armas e deteve dois homens, de 24 e 25 anos.
As armas e munições apreendidas eram de calibre variado.
Havia dezenas de cartuchos, três espingardas caçadeira e duas pistolas automáticas.
À noite a polícia, em comunicado sublinhou que a situação nunca esteve fora do seu controlo.
"A PSP repôs a ordem no Bairro da Quinta da Fonte, tendo de imediato cessado os disparos por parte de ambos os grupos", lê-se no documento.
No decorrer da operação da tarde foram deslocados para o local meios da Unidade Especial de Polícia.
Apesar de a versão oficial dos acontecimentos apontar no sentido de tudo ter começado na noite de quinta-feira com uma rixa entre famílias de etnia cigana, ontem, elementos pertencentes a este grupo, em declarações à imprensa atribuíam aos africanos a responsabilidade desta primeira desordem no bairro.
"Estávamos aqui a fazer a festa do primeiro aniversário de uma criança.
De repente eles [os agressores] resolveram acabar com a festa.
Vieram lá de baixo, eram aí uns 30, e começaram a disparar sobre nós", contou ao DN José Carlos.
O morador, filho de pais ciganos, adiantou ainda que "os 'pretos' vinham com espingardas de canos serrados, revólveres e pistolas.
Disparámos para nos defender".
Enquanto José Carlos contava os acontecimentos da noite anterior, chegou à tenda improvisada na rua para a festa de aniversário, uma criança com as calças cheias de sangue:
"Está a ver, até na menina atiraram!". "
E a polícia, esses são os piores, nem entraram cá dentro, ficaram lá em cima a ver tudo", frisou José Fernandes, um dos mais velhos daquele grupo.
 "Já viu o que a polícia fez ao rapaz, deu-lhe até não poder mais, mas olhe que nos pretos não bateram", assegurou.
E depois do tiroteio, o grupo acompanhou os familiares ao hospital e "quando regressámos tinham-nos limpo as casas.
Mais de dez casas foram assaltadas minha senhora.
Levaram-nos tudo, material das feiras, sofás, televisões...", alertou José Carlos.
Após os acontecimentos da tarde, o bairro da Quinta da Fonte estava à noite silencioso, quase deserto, sem polícia por perto.
Nas ruas não se via praticamente ninguém, apenas um ou outro grupinho de jovens de olhar desconfiado, perante a presença de estranhos.
Silêncio absoluto.
 As portadas das lojas estavam encerradas, nenhum carro de patrulha da polícia se vislumbrava.
A PJ na manhã de sexta-feira prosseguiu com as investigações no local da rixa recolhendo no local invólucros das balas usadas."
O tiroteio culminou com a debandada temporária da comunidade cigana residente na Quinta da Fonte, tendo na altura as famílias ciganas moradoras naquele bairro acampado em frente à Câmara de Loures:
"Famílias ciganas não voltam à Quinta da  21/07/2008
(via JN)
As 53 famílias ciganas que se encontram concentradas em frente à Câmara Municipal de Loures desde quinta-feira, decidiram este domingo que não vão regressar à Quinta da Fonte, após terem feito um rastreio às condições de segurança do bairro.
« As pessoas não estão psicologicamente preparadas para encarar a Quinta da Fonte» afirmou José Fernandes, porta-voz da comunidade cigana.
As famílias visitaram esta tarde a Quinta da Fonte sob escolta policial e ouviram insultos da comunidade africana do bairro.
Após uma reunião entre os membros da comunidade, as famílias emitiram um comunicado aos jornalistas presentes para dizer que voltar à Quinta da Fonte « está fora de questão» .
O ministro da Administração Interna afirmou este domingo que estava convicto de que estão reunidas as condições para, dentro em breve, todos os habitantes que de lá saíram na sequência do tiroteio poderem regressar à Quinta da Fonte.
A versão Africana:
A versão da comunidade africana alí residente é no entanto diferente, conforme atesta o vídeo que se segue:
A versão e a intervenção Policial:
De acordo com os média:
"Dezenas de polícias do Corpo de Intervenção da PSP cercaram a Quinta da Fonte, ao início da manhã, revistando as pessoas à entrada e saída do bairro, em apoio de uma operação da Polícia Judiciária (PJ).
Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz da comunidade cigana, José Fernandes, contou que os agentes "procuravam droga, armas e informações sobre o tiroteio em Julho".
O porta-voz da comunidade cigana disse ter visto os agentes a arrombarem outras casas do bairro e que no final das buscas recebeu uma notificação para se apresentar dia 09 de Outubro nas instalações da Direcção Central de Combate ao Banditismo, em Lisboa.
Os bairros da Quinta da Fonte de da Quinta do Mocho foram palco de vários tiroteios, entre os meses de Julho e Agosto (de 2008), de que resultaram vários feridos e um morto entre os moradores."
Assistência aos feridos:
Foi também notícia na altura
"Uma jovem foi transportada para o hospital, depois de ter sido atingida a tiro «de raspão» num sobrolho, mas a falta de condições de segurança impediu o INEM de a assistir de imediato.
 A polícia deteve dois homens e apreendeu várias armas de fogo.
Segundo disse ao PortugalDiário uma fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), a primeira chamada foi recebida às 13h57, «a dar conta de uma mulher baleada na face».
Foram accionadas «uma viatura médica e uma ambulância».
«Chegadas ao local tiveram que se afastar, porque não havia condições de segurança para prestar socorro», explicou, apontando que só foi possível actuar depois da chegada das autoridades.
A pessoa ferida trata-se de uma jovem de 21 anos que foi atingida «de raspão» no sobrolho e não está em perigo.
 Devido as dificuldades em prestar assistência à vítima, a ambulância do INEM só conseguiu fazê-la chegar ao hospital de São José, em Lisboa, «por volta das 15h00».
Fonte da PSP confirmou ao PortugalDiário a existência de incidentes.
«Os desacatos desta tarde surgem em sequência de buscas e detenções efectuadas já durante o dia de hoje no local», adiantou essa fonte.
50 indivíduos envolvidos
Segundo um comunicado da PSP, divulgado às 20h00, o alerta para o incidente foi dado às 14h00.
 «De imediato foram accionados os meios policiais para o local, designadamente da Divisão Policial de Loures, tendo-se verificado a veracidade da comunicação, encontrando-se envolvidos em desordem, com a utilização de armas de fogo, dois grupos distintos de indivíduos em número de cerca de 50», refere a nota.
A polícia explica que os agentes que estiveram no local detiveram «dois indivíduos do sexo masculino, com 24 e 25 anos de idade» e apreenderam «3 espingardas caçadeira, 2 pistolas automáticas de calibre 9mm e 7,65mm e ainda dezenas de cartuchos e munições de calibre variado».
«Os detidos serão presentes ao Tribunal Judicial de Loures no dia de amanhã a fim de serem ouvidos em interrogatório e sujeitos a medidas de coacção», acrescenta o comunicado, referindo que «no decorrer da operação foi efectuado um perímetro de segurança no interior do Bairro, tendo para tal sido deslocados para o local meios da Unidade Especial de Polícia».
Em entrevista à SIC, o comissário Resende Silva, comandante da divisão da PSP de Loures, salientou que «aquando da intervenção polícia, os disparos cessaram» e «não houve necessidade de intervenção directa».
 O responsável apontou ainda que as duas detenções efectuadas foram em «flagrante delito». «Um dos detidos foi um dos que foi detido também ontem à noite», acrescentou.
 Resende Silva admitiu que este «é claramente um bairro problemático», mas salientou que os incidentes de ontem e de hoje «não o dia-a-dia do bairro».
«Não é um problema apenas de Portugal»
Também à SIC, o secretário de Estado da Administração Interna, Rui Sá Gomes, disse que «o que aconteceu hoje é motivo de preocupação».
«É uma situação gravíssima que mereceu uma acção da polícia que ainda não terminou», referiu, elogiando o trabalho das autoridades e o policiamento de proximidade.
 Admitindo que este tipo de casos possa provocar «alarmismo», o secretário de Estado frisou contudo:
«A criminalidade violenta não é um problema apenas de Portugal».
Recorde-se que esta quinta-feira à noite nove pessoas ficaram feridas sem gravidade num tiroteio ocorrido no mesmo bairro.
Fonte da PSP disse ao PortugalDiário que entre as vítimas, todas com ferimentos ligeiros, há duas mulheres.
 Os feridos foram encaminhados para o Hospital de S. José, Santa Maria, Curry Cabral e Dona Estefânia, sendo que alguns se deslocaram por meios próprios e outros transportados pelo INEM."
O jornal "Público" numa edição de Setembro do mesmo ano dá conta da assinatura do contrato local de segurança:
"Na sequência destes desacatos e de várias operações policiais, o ministro da Administração Interna (MAI), Rui Pereira, assinou dia 12 de Setembro com a autarquia um Contrato Local de Segurança para o concelho de Loures.
Estes contratos, que já foram alargados a outros concelhos, estão integrados na Estratégia de Segurança para 2008 e visam o reforço do policiamento de proximidade.
O Contrato de Segurança irá abranger numa primeira fase as freguesias da Apelação, Camarate e Sacavém, e em 2009, numa segunda fase, as freguesias de Loures, Prior Velho e São João da Talha.
 Terá uma vigência de dois anos e vai entrar em funcionamento a partir de Outubro deste ano.
Na altura da assinatura, o ministro disse que este contrato visa reforçar o policiamento de proximidade, reduzir os índices de criminalidade, a violência juvenil, o sentimento de insegurança e desenvolver estratégias e promover uma cultura de segurança."
O Bairro Quinta da Fonte hoje
Incidentes como os que tiveram lugar no dia 12 de julho de 2008, e com aquela gravidade não voltaram a repetir-se.
No entanto o Bairro e os seus moradores continuam, muito apesar da aparente calmaria a debater-se com os mesmos problemas, e continua a mesma insegurança.
Os incidentes alí ocorridos foram causa de imensas polémicas e relançou o debate de se  se deveria legislar para que todos aqueles moradores que fossem condenados por determinados crimes tais como o tráfico de droga,homicídio, assalto à mão armada ou tráfico de armas perdessem o direito à habitação social, que deveria também ter este factor de eligibilidade em linha de conta na sua atribuição.`
È claro que o "tiroteio" da Quinta da Fonte também serviu de cavalo de batalha para todos aqueles que procuraram pluralizar e atribuír à existência de minorias étnicas a responsabilidade pela existência e aumento da criminalidade em Portugal.
Mas não existem dados factuais que relacionem a existência de minorias etnicas com a criminalidade
Existe, pelo menos parece haver sim, uma relação estreita entre a marginalização, a falta de estratégias e o pouco interesse na integração das camadas imigrantes.
Há já alguns anos, a caminho de Sacavém passei pelo Bairro da Quinta da Fonte, num dos autocarros da Rodoviária Nacional, que atravessa aquele bairro social no seu trajecto.
Um conhecido meu fez reparo nos inúmeros jovens que estavam encostados à parede sem nada fazer....
Infelizmente este parece ser um lugar comum em inúmeros bairros sociais pelo país fora, independente destes bairros serem habitados exclusivamente por pessoas de origem africana, cigana ou outra origem...
A pobreza, o desemprego, o abandono escolar (para além do insucesso escolar a pobreza e o querer contribuir para o sustento da família, a que se junta o preço dos livros escolares leva muitos jovens a deixar o ensino) levam muitos jovens a perder a esperança no sistema...é claro que isto não justificará de per si a criminalidade mas é um factor que contribui em muito.
Aproveitando o facto de estarmos no Ano Europeu de Luta contra a Exclusão Social, importa pois que se combatam finalmente todos aqueles fenómenos e se desenvolvam estratégias.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que grande mentira estes jornais entram no bairro vem o que lhes apetece e vem para a tv dizer este tipo de coisas... O facto de mostrarem a palavra preto mostra muito sobre vos! Nao ha respeito na sociedade por isso e que existem estes desentendimentos. Mas em fim la as Camaras decidem a ideia foi deles, e os ciganos e que saem a ganhar nao e muito bem grande historia. PSP reagem quando nao existem disparos ou estam pequenos grupos na rua a falar! Mas que palhacada sinceramente!

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