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Panahi cineasta iraniano detido com a família em Teerão e levado para parte incerta

Segunda-feira dia 1 de Março o realizador de cinema Iraniano Jaffar Panahi ( um dos cineastas mais influentes do spectro cinematográfico do Irão e vencedor de um Leão de Ouro de Veneza entre outros galardões) foi detido na sua residência em Teerão conjuntamente com a sua família e alguns convidados e levado por agentes da polícia á paisana para parte incerta tendo a sua detenção sido confirmada pelas autoridades iranianas , que não precisaram qualquer porquê.
Panahi um opositor declarado ao regime de Teerão já tinha sido detido em Julho de 2009 no cemitério de Teerão onde algumas pessoas se juntavam para prestar homenagem diante da sepultura de Neda Agha Soltan.
Panahi foi detido algum tempo depois, muito embora o seu passaporte tenha sido confiscado pelas autoridades e sido proibido de viajar para fora do país.
No mês passado (Fevereiro de 2010) o seu pedido para viajar para Berlin para participar no festival de cinema de Berlin foi-lhe negado.
Personalidade e carreira cinematográfica
 Jaffar Pahani nasceu no Irão a 11 de Julho de 1960 na cidade de Mianeh e cedo se revelou um menino Prodígio.
Aos 10 anos escreve o seu primeiro livro e ganha o primeiro pémio num concurso literário e ainda com a mesma idade tem os seus primeiros contactos com uma máquina de filmar, rodando pequenas películas de 8mm, protagonizando uma película e participando da realização de outra. Dedica-se também à fotografia.
Cumpre o seu serviço militar e participa na Guerra Irão-Iraque e durante aquele tempo realiza um pequeno documentário sobre a guerra.
Conclui os seus estudos cinematográficos na escola de cinema e televisão de Teerão e depois faz vários filmes para a televisão e trabalha como assistente do realizador Iraniano Abbas Kiarostami durante a realização do fime deste ùltimo "The Olive Trees" (as Oliveiras).
A partir daí é responsável por muitas produções da sua autoria que lhe grangeiam inúmeros prémios e reconhecimento internacional.
O primeirro filme que lhe grangeou reconhecimento foi White Balloon (Balão branco") que lhe valeu a camera de ouro do Festival de cinema de Cannes.
O seu segundo filme "The Mirror"(o espelho) recebe o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno.
O seu fime mais-bem-aclamado pela crítica  até ao momento foi "The Circle" (o Circulo") em 2000 que lhe conferiu o Leão de Ouro do Festival de cinema de Veneza.
"O Círculo é talvez a sua contribuição mais notável pois retrata e critica a situação e o papel social assim como o tratamento dado à mulher na sociedade iraniana no periodo pós-revolução islámica no Irão.
Mais recentemente , em 2006 Panahi ganhou o Urso de Prata com o seu filme "The girls who disguised themselves as boys to watch a football game" (As raparigas que se disfarçam de rapazes para assistirem a um jogo de futeból).
Importância da obra e activismo em prol das mulheres iranianas
A obra de Jaffar Panahi reveste-se de um caracter sobejamente importante ao relatar e ao dar a conhecer a realidade social das mulheres iranianas e ao chamar a atenção para as constantes violações dos direitos humanos das mulheres no Irão e no mundo muçulmano em geral.
Os direitos humanos das mulheres no Irão
No Irão os direitos legalmente outorgados às mulheres são completamente desproporcionais aqueles auferidos pelos homens sendo que o valor da vida de uma mulher poderá ser entendida do ponto de vista jurídico como equivalente a metade da vida de um homem.
A título de exemplo a palavra de uma mulher sózinha num juízo não é válida (não lhe sendo permitido testemunhar só) sendo apenas validado o testemunho de pelo menos duas mulheres (as mulheres só podem testemunhar aos pares).
Segundo as leis iranianas do chamado "preço de sangue" um assasino que mate um homem terá de depois de cumprir a pena estipulada pagar um determinado valor como indeminização á família da vítima, mas esse valor desecerá para metade se a vítima for uma mulher ou um estrangeiro.
Nas questões relativas ao divórcio e à custódia dos fillhos um homem poderá divorciar-se quando quiser sem a necessidade de qualquer explicação prévia, enquanto uma mulher para pedir o divórcio terá de satisfazer pelo menos uma de sete condições.
De entre estas o marido tê-la abandonado por completo, ser toxicodependente ou sofrer de impotência.
No que toca à custódia legal dos filhos após o divórcio (e esta foi uma inovação, pois anteriormente só-lhes era permitido um limite de dois anos) a mulher só poderá ficar com a custódia dos filhos até um periodo máximo de sete anos, ao que os filhos passarão a depender completamente do pai.
Em matéria de adultério o marido que encontre a sua mulhera manter relações sexuais com outro homem poderá matar os dois e qualquer mulher que possa ser comprovadamente identificada como adúltera será condenada ao apedrejamento público.
Durante a execução da sentença, a condenada é enterrada na areia até ao tronco e a cabeça coberta com um saco de tela e apedrejada pelos habitantes locais.
Se a mulher sobreviver é considerada livre.
Embora as leis iranianas também prevejam condenações por adultério para os homens mas a lei concede-lhes o direito ao chamado casamento temporário, um arranjo quepermite que os homens possam ter mais de uma esposa e poderá ser de várias horas para permitir que os homens possam ter relações sexuais com as suas "concubinas".
No aspecto da idade legal para se ser judicialmente executado (condenado à morte) esta também difere em função do género . A idade legal para os homens é de mais de 18 anos enquanto que para as mulheres bastará apenas que as meninas tenham completado apenas nove anos de idade.
Esta última circunstância relativamente às meninas não está estipulada de forma específica na lei mas poderá ser poderá ser decretada por alguma "fatwa" (decreto religioso emitido por um imame ou Aytollah).
Esta é uma das muitas instâncias em que o poder religioso se sobrepõe ao poder judicial tendo uma "fatwa" um valor legal superior  e prioritário sobre as leis estabelecidas.
No Irão existem cerca de  700 imâmes (líderes religiosos muçulmanos) com poder para emitr decretos religiosos (fatwas) sobre os mais diversos assuntos de maior ou menor gravidade sobre os quais exista algum tipo de disputa ou conflito.
-Nas fotos ao lado poderemos observar uma situação de uma mulher com a cara ensanguentada que foi brutalmente espancada pela polícia por se ter recusado a usar o lenço islâmico (hijab) sobre a cabeça.
São bastante comuns as "infracções" bem como o excesso de zelo relacionado com os códigos de vestuário islâmico.
Milhares de mulheres tem sido detidas e agredidas no Irão quer por não usar o lenço bem ajustado, por usar roupas e casaco demasiado apertadas.
 Segundo os advogados do centro de Shirin Ebadi,( organização de direitos humanos liderada pela Prémio Nobel da Paz Shirin Ebadi e com sede em Teerão)desde a vitória de Mahmoud Ahmadinejad nas eleições presidenciais de junho de 2005, "voltou-se aos primeiros anos da revolução islâmica".
"Recuperaram credibilidade e poder os grupos de pressão como os basijis (milícias estudantis), os Guardiães da Revolução e os militares, que agora estão à frente da maioria dos ministérios e dos postos-chave", afirmam.
Segundo os representantes do centro, é muito difícil que ocorra uma mudança no Irão "porque o povo tem medo, e prefere manter o que tem a colocar em risco sua vida e a de suas famílias".
"O medo é muito maior do que qualquer um possa imaginar", garantem os advogados.

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