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A APARÊNCIA FÍSICA COMO FACTOR BÁSICO DE DISCRIMINAÇÃO


 APARÊNCIA FÍSICA COMO FACTOR BÁSICO DE DISCRIMINAÇÃO

Todos nós conhecemos histórias como a do conto de Hans Christian Henderson, o “Patinho Feio”.
Esta história pode servir de pretexto para uma breve reflexão sobre a utilidade e também a importância que pode desempenhar a aparência física como fonte de informação no processo social de categorização das pessoas no senso comum evidente e nas relações interpessoais.
Existe, segundo muitos estudos, uma elevada sensibilidade, demonstrada pelo género humano à aparência física. O que nos leva , a que, de algum modo façamos juízos de valor em relação ao outro e através dos quais tendámos a estabelecer estereótipos entre a aparência física e os traços de personalidade dos demais indivíduos.
Costuma-se segundo um velho provérbio português, dizer que quem vê caras não vê corações.
Ainda assim é comum notar que as pessoas, de um modo geral, são não só sensíveis às qualidades e características de outrem, mas também associam essas características a modelos específicos de comportamento.
Poderá ser correcto dizer que aquilo que observamos no modo de andar, nos movimentos de uma pessoa bem como a sua aparência física , proporcionam uma informação muito rica, a que as pessoas são norma geral, muito sensíveis e prestam muita atenção.
De uma certa forma , aquilo que essas “qualidades”, aparentemente revelam são recursos individuais, habilidades, capacidades e competências.
Mas é interessantes notar que este tipo de comparação, este tipo de abordagem comparativa, é também utilizado em relação a indivíduos de outras etnias e mesmo de outros grupos sociais, com base económica e até ideológica. Tomemos por exemplo os homossexuais ou mesmo aqueles que professam uma religião diferente.
A aparência e o modo de vestir (que pode ser ou não uma característica identificativa), poderá levar à estereotipicização ou a elocubração e atribuição de uma categorização social e de características boas ou más.
Geralmente, e de uma forma mais provável, as pessoas prestam maior atenção a estes aspectos do que a contextos informativos mais verbalizados.
Isto acontece, muito naturalmente pois a aparência física é um aspecto bastante saliente (o que o torna também relevante), uma vez que esta é aquilo que desde logo nos aparece, tornando-se assim a nossa primeira fonte de informação acerca de outros individúos.
A leitura do rosto e dos traços fisionómicos como elementos identificativos do carácter e dos traços de personalidade remonta a tempos antigos, quase aos primórdios da humanidade (e.g. Aristóteles, Confúcio) até aos tempos actuais.
Neste porém a observação dos traços fisionómoicos teve um particular impulso, com a publicação do livro Essays on Phisionomy publicado por Lavater, pela primeira vez em 1772.
Devido a esta inter-relação aparente, entre a aparência física e os traços de personalidade a ela associados, as pessoas de uma forma geral tendem a relacionar aquelas que são fisicamente muito parecidas, como tendo traços de personalidade também muito semelhantes entre sí.
No caso daquelas que têm rostos diferentes do comum, associam-nas a características de personalidade também diferentes.
É notória a tendência, para atribuirmos um grande número de imperfeições a partir de uma imperfeição encontrada. Isto é particularmente veraz, nos casos de desvios à norma vigente (àquilo que a sociedade estabeleceu como padrão para o estéticamente correcto).
Naqueles casos verifica-se que uma única incapacidade (desvio à norma) se torna, penetrante, como que o centro das atenções e de todo o carácter do individuo, obscurecendo e infectando, todas as outras competências e qualidades existentes na pessoa em causa, sendo grosso modo a personalidade e carácter do individuo vista somente à luz do defeito físico que possúi.
Segundo o artigo “O PATINHO FEIO- A APARÊNCIA FÍSICA NA BASE DO PROCESSO DE DISCRIMINAÇÃO”, ( da autoria de Artur Barata Salgado, Mestre Assistente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais- UFP de onde retirei e simplifiquei alguns elementos para a publicação deste POST ) transcrevo directamente:
“Os rostos influenciam a percepção dos motivos da pessoa, assim como dos seus traços de personalidade (Goldstein, Chance e Gilbert, 1984.). E isso acontece, mesmo entre pessoas da mesma raça, sexo e idade, ou seja não reflecte meramente os estereótipos sexuais, raciais ou de idade.
Algumas evidências apontam que mesmo categorias estereotipadas derivam das variações físicas. Por exemplo, a medida em que homens e mulheres acreditam possuir atributos sexualmente estereotipados varia directamente com a masculinidade/feminilidade da sua aparência. Outros estudos mostram que relativamente pequenas diferenças corporais traduzem-se em notáveis diferenças nos estereótipos de personalidade (e.g., Litman, Powell e Stwart, 1983.
Uma outra consequência da relação rosto- traços de personalidade, é que as pessoas com aparências que se desviam substancialmente da média - por exemplo, ter uns olhos muito grandes, uns lábios muito pequenos (ou vice- versa) – também são percebidas como tendo traços de personalidade extremos comparativamente com aqueles com uma aparência mais comum (McArthur e Solomon, 1978. Esta tendência é, aliás, similar à tendência para atribuir às pessoas que são membros de grupos sociais salientes características extremas.”
“…É possíve,l pois, que exista uma relação entre alguns aspectos da aparência e alguns traços de personalidade. Cada pessoa também é a sua aparência física, isso não é distinto dela. Mas possivelmente também se verifcam fenómenos de supergeneralização de qualidades que aparecem e que são salientes.
Em todo o caso, nada justifica a estigmatização das aparências físicas desviantes, estejamos a falar da obesidade, da deficiência, da marginalização dos velhos em virtude do incómodo em lidar com a doença.”
E nada justifica que no plano laboral por exemplo, um candidato a emprego seja preterido, em detrimento das suas qualidades e competências em função da sua aparência física , que não fará obviamente parte, dos critérios exigidos para o exercício de uma determinada função, nem tampouco dirá coisa alguma sobre o passado de alguém, ou será de forma alguma reveladora de alguma carácteristica, inoportuna ou perniciosa.
“Parece de facto que qualquer estigma adquire um papel central proporcionando as bases para um grande número de atribuições globais e irracionais.”
“…Tendemos a atribuir uma grande variedade de imperfeições a partir de uma (suposta imperfeição) que aparece.” - Aspecto a que já aludí anteriormente.

8 comentários:

Maria Eduarda Bécho Freitas Arger disse...

Excelente o artigo! Realmente é impressionante como a discriminação ocorre, e a sociedade precisa de ler artigos como este para mudar a sua postura!

Anónimo disse...

é a história do patinho feio foi boa por que desde criança, ja começamos a aprender sobre discriminação fisica e começamos 'não ao todo geral" por que as pessoas podem olhar o lado bom da hitória como ele virar um "Belo cisne" no final da história.
Mas algumas pessoas "crianças" podem aprender a ter preconceito fisico com algumas pessoas.

SERGIODAUDE disse...

Obrigado! O preconceito físico , que leva à discriminação física tem origem nos medos infantís que tendem a associar algo (não necessáriamente feio ) diferente daquilo que aprendemos ou fomos a ensinados que é comum. a uma coisa má.
Não deixa de ser curioso que quando ocorre a constatação no caso das pessoas, de que alguém embora possua possua traços físicos incomuns, tem e é possuidor de muitas características pessoais boas e que contradizem o preconceito estabelecido, tal facto em encarado muitas vezes com alguma apreensão e decepção. È o caso de uma comunidade onde o membro de um grupo social desfavorecido, o morador de uma favela (Brasil)se torna a excepção à regra e segue um caminho diferente daquele que a sociedade espera (exemplo de um personagem negro que era fotógrafo, no filme "A Cidade de Deus", que tendo crescido num ambiente de crime não se tornou criminoso).
A sociedade cria os estereótipos e deles faz os bodes expiatórios, mas nós somos quem pode fazer a escolha....ainda há esperança...

Anónimo disse...

muito bom,gostei..........

francisco rodregues jacob disse...

è infelismente a sociedade hoje ignorante, o preconceito, o rocismo, a discriminaçao sao fotores influenciado por falta de conhecimento, ter conhecimento e ter educaçao, nao aceita o proximo e uma atitude para um anormal.

andressa disse...

o que e descriminaçao fisica?????????

Mabili , e Daniela disse...

Eu e a Daniela curtimo isso

Unknown disse...

Boa noite,
Estou neste momento a elaborar a minha dissertação de mestrado em Sociologia: Exclusões e Políticas Sociais na Universidade da Beira Interior, Covilhã, em torno da análise das questões da obesidade, do corpo e da imagem corporal. Para isso, e como opção metodológica decidi criar um blog (http://investigacaoubigoretti.blogs.sapo.pt/) propositadamente para a minha investigação. Neste blog, pessoas entre os 15 e os 30 anos podem anonimamente escrever um texto livre partilhando a sua experiência em relação aos temas que são propostos.
Queria perguntar se poderia divulgar no seu blog o conteúdo do meu blog/da minha investigação? Seria muito importante para mim, visto que a participação das pessoas é imprescindível para a minha investigação.

Agradeço desde já.

Cumprimentos.

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