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Morre Zapata em Havana!

Morreu Terça-feira dia 24 de Fevereiro de 2010, em Havana pelas 13horas locais em Havana, numa unidade hospitalar para a qual havia sido transferido, Orlando Zapata Tamayo, dissidente e prisioneiro político cubano, em consequência de uma greve de fome de mais de dois meses, que iniciara em protesto contra as suas condições de detenção.
Orlando Zapata que se encontrava detido desde Março de 2003, morreu pelas 18horas GMT no Hospital Hermanos Amejeiras procedente do Hospital do Presídio Combinado del Este de onde foi levado em condições muito graves segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e de Reconciliação Nacional.
Zapata de 43 anos, um maçom , membro de uma organização de direitos cívicos ilegal e um dos 65 cubanos considerados presos de consciência pela Amnistia Internacional encontrava-se detido desde 2003 na sequência da chamada "Primavera Negra" na qual o regime de Fidel castro "prendeu" cerca de 75 dissidentes que se manifestavam contra as várias violações dos direitos humanos em Cuba.
Esta foi a primeira morte registada de um prisioneiro político conhecido em consequência de uma greve de fome ocorrida nas prisões do regime de Havana desde 1972 aquando da morte do líder estudantil Pedro Luís Boitel, que lutou contra os regimes de Fulgêncio Baptista e de Fidel Castro.
Orlando zapata que tinha sido inicialmente condenado a Três anos de prisão por desordem pública, foi em 2003 condenado a uma pena de 18 a 25 anos por desrespeito à autoridade, desordem e resistência ao governo e sucessivas condenações por outros motivos não específicados elevaram aquelas condenações a mais de 25 anos.
Reacções dentro e fora de Cuba
A morte do activista Orlando Zapata Tamayo  causou um grande impacto nos meios dissidentes dentro e fora de Cuba, bem como grande indignação internacional por parte das organizações de direitos humanos e de todos aqueles que lutam pela implementação dos direitos humanos e cívicos um pouco por todo o mundo.
-"É uma grande tragédia para sua família e má notícia para todos os movimentos de defesa dos direitos do Homem, mas também para o governo, que deverá pagar o preço político desta morte", declarou à AFP Elizardo Sanchez, líder da Comissão - uma organização ilegal, mas tolerada pelo poder cubano.
"Trata-se de um assassinato virtual, premeditado",adiantou Sanchez que acusa as autoridades cubanas pela sua demora (propositada) na prestação de cuidados ao dissidente, que foi transferido na semana passada de Camaguey (centro do país), onde estava preso, para Havana depois de uma greve de fome de 85 dias.
"Já assassinaram Orlando Zapata Tamayo, já acabaram com ele. A morte do meu filho foi um assassínio premeditado", acusou a mãe do preso político, Reina Tamayo Danger.
De acordo com a dissidência cubana tratou-se de uma morte evitável.
Segundo os relatórios do Directório Democráctico Cubano , uma organização que se opõe ao governo cubano, com sede em Miami em Outubro de 2009 Zapata foi brutalmente espancado e agredido pela guarda da prisão provincial de Holguin, o que lhe provocou um hematoma interno na cabeça o que o obrigou a uma intervenção cirúrgica. Nos últimos dias Zapata foi transferido do centro médico prisional para o Hospital Amejeiras.
No Domingo dia 21 de Fevereiro deste ano, dois dias antes da morte  de Orlando Zapata, um grupo de cinquenta presos políticos cubanos integrantes do grupo de setenta e cinco que foram condenados em 2003 na sequência da "Primavera Negra", pediu ao Presidente Brasileiro Inácio Lula da Silva (que visitará a ilha na próxima semana) que intercedesse junto do seu homólogo Raúl Castro para a sua libertação, tendo no mesmo documento pedido ao presidente brasileiro que se interessasse  pelo prisioneiro de consciência Orlando Zapata que havia iniciado uma greve de fome há já 85 dias e se apresentava já em más condições de saúde.
No mesmo documento assinado por 55 dos 75  dissidentes referia-se que o presidente brasileiro seria o interlocutor ideal para defender junto do governo cubano a realização urgente de reformas nos planos económico, políticos e social.
Lula seria também a pessoa ideal para fazer "avançar no país o respeito pelos direitos humanos, bem como a anúnciada reconciliação nacional, além de contribuir para tirar a nação da profunda crise em que se encontra".
Entre os assinantes da carta figuram 42 presos políticos do grupo dos 75 que ainda estão na prisão e oito já foram libertados por problemas de saúde, entre eles Marta Beatriz Roque, Héctor Palacios e o economista Oscar Espinosa.
Segundo fontes da oposição ao regime cubano, existem em Cuba, actualmente 200 presos políticos, mas as autoridades negam-se a classificá-los nessa categoria, acusando-os de serem "mercenários" a serviço dos Estados Unidos que atentam contra a segurança interna do Estado cubano.
A Situação dos prisioneiros políticos em Cuba
As autoridades cubanas continuam a negar a existência de quaisquer presos políticos acusando-os de serem ou agentes ou mercenários ao serviço dos Estados Unidos.
De acordo com um relatório divulgado na Terça feira passada, dia 17 de Fevereiro último pelas Nações Unidas o governo cubano mantém dezenas de prisioneiros políticos sob condições físicas e mentais consideradas"alarmantes".
O relatório trata dos mais de 70 opositores ao regime de Fidel Castro que foram presos em abril do ano passado. Alguns dos quais já têm mais de 60 anos de idade.
Entre eles, está o líder da oposição no país, Héctor Palacios, que foi condenado a 25 anos de prisão por traição e subversão. Palacios foi condenado a uma pena mais longa por ser líder do Projeto Varela, um grupo pró-democracia que reuniu 11 mil assinaturas para a realização de um referendo sobre liberdade de expressão, amnistia aos presos políticos e eleições livres. O referendo não aconteceu.
De acordo com o relatório da ONU, que será apresentado no encontro anual da Comissão da ONU para Direitos Humanos no mês que vem, em Genebra, os presos estão em celas solitárias ou conjuntamente com “delinquentes comuns”.A enviada da ONU para assuntos de direitos humanos, a francesa Christine Chanet, disse que ter recebido informações “preocupantes” sobre a forma o modo como os prisioneiros estão a ser tratados. Christine conta que os presos são transferidos freqüentemente e mantidos em cadeias longe de suas famílias, o que dificulta as visitas.
A representante da ONU afirmou que seu pedido para visitar a ilha foi negado, assim como o apelo que fez ao governo de Cuba  para que os dissidentes políticos sejam perdoados.
Além de críticar o governo cubano, Christine Chanet também atacou o embargo econômico dos Estados Unidos contra a ilha, em vigor há mais de 40 anos.
“Não se pode ignorar os efeitos econômicos e sociais desastrosos e persistentes do embargo”, comentou no documento.
No entanto, a representante da ONU afirmou que, apesar de todas as  restrições econômicas, o governo cubano conseguiu manter um sistema de saúde de bom nível tendo refrido que na área de educação, as estatísticas também são positivas: cerca de 100% das crianças estão na escola e a taxa de analfabetismo é de apenas 0,2%.

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