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Confrontos durante a Greve Geral prenúnciam cada vez menos liberdade

A jornada de protesto ocasianada pela Greve Geral de hoje dia 22 de Março de 2012 ficou marcada por violentos confrontos em Lisboa e no Porto.
Os confrontos em Lisboa envolveram a Polícia de Segurança Pública e alguns manifestantes da "Plataforma 15 de Outubro e ocasionaram alguns feridos e detenções.
Os confrontos começaram segundo algumas testemunhas junto ao Largo do Chiado quando manifestantes arremessaram objetos contra elementos da PSP junto à esplanada do café Brasileira, no Chiado.
Em  consequência disso a PSP reforçou a presença na manifestação com elementos das Equipas de Intervenção Rápida (EIR) e do Corpo de Intervenção.
Junto àquela esplanada, foram derrubadas cadeiras, mesas e chapéus-de-sol, o que obrigou a que os clientes alí presentes o tivessem de fugir rapidamente para não serem atingidos pelos objetos e pedras da calçada lançados pelos manifestantes.
"Anteriormente, o grupo de cerca de 150 manifestantes já tinha provocado alguns distúrbios durante o desfile pela Av. Almirante Reis até ao Rossio, atirando ovos às instalações das instituições bancárias por onde passava e mesmo às pessoas que levantavam dinheiro nas caixas de multibanco. A polícia chegou a ser obrigada a intervir junto à sede do Banco de Portugal para acalmar os ânimos.
No Porto, vários indivíduos foram agredidos pela polícia na Praça Carlos Alberto, depois de um manifestante ter sido detido pela PSP.
 O incidente decorreu momentos depois de o primeiro-ministro ter sido recebido por centenas de manifestantes em protesto na Reitoria da Universidade, localizada próximo daquela praça.
Segundo o que a Lusa testemunhou, os agentes da polícia desferiram várias bastonadas nas pessoas que se encontravam nas imediações da viatura policial onde seguia o
detido.
De acordo com uma fonte do comando da PSP do Porto, houve uma pequena escaramuça junto à carrinha, mas sem registo de agressões.
Contudo, várias testemunhas responsabilizaram os "agentes à paisana" da polícia pela situação.
 Em declarações à Lusa, Carla Silva, empregada de limpeza na Câmara de Matosinhos, disse que os "jovens estavam a protestar e a polícia decidiu virar-se à 'porrada'”.
“Quando eu vinha a fugir com o meu filho, um polícia à civil deu-lhe um pontapé.
Conclusão: gerou-se uma confusão outra vez e ainda prenderam um jovem", acrescentou."
As manifestações ocorridas em Lisboa caracterizaram-se também pelas agressões da PSP a elementos da comunicação social.
Durante a escaramuça entre os manifestantes e a polícia de choque, ocorrida nas imediações do largo do Chiado, o fotojornalista da agência Lusa,José Sena Goulão, que cobria o acontecimento, foi agredido e derrubado pelos agentes da polícia, tendo-se, já caído no chão, identificado como jornalista; o que não impediu que continuasse mesmo assim a ser agredido.
A foto-jornalista Patrícia Melo da AFP no momento em que era brutalmente agredida por um elemento da PSP
José Goulão foi agredido quando subia a rua Garrett com uma colega (Patrícia Melo Moreira) onde se encontravam as carrinhas da polícia.
Segundo declarações de Goulão ao jornal Público :“Vi um rapaz ferido no chão e o cordão policial a subir, gritei ‘sou jornalista’ e fiz um gesto a pedir para passar para trás deles.”
Mas, segundo afirma, foi logo a seguir agredido à bastonada na cabeça.
“Caí no chão e continuaram a agredir-me, embora eu gritasse sempre: ‘sou jornalista’.” José Goulão diz que ficou cerca de meia hora no chão à espera da ambulância que o levou para o hospital de S. José, onde levou seis pontos.
Também uma jornalista, a fotojornalista Patrícia Melo da AFP (Agência France Press), que acompanhava José Goulão, foi violentamente agredida com uma chicotada por um elemento da PSP.
Imagem que foi documentada e que se tornou a imagem de marca da brutalidade da carga policial.
Felizmente a jornalista Patrícia melo foi auxiliada por um popular e não necessitou de posterior assistência hospitalar.
As agressões aos profissionais da imprensa que no local se encontravam a cumprir a missão de informa, ocorridas no largo do Chiado no dia da Greve Geral convocada pela CGTP-in levaram a que cerca de 80 jornalistas, a maior parte da Agência Lusa se concentrassem no dia seguinte, 23 de Março, Sexta-feira, frente à sede da Direcção Nacional da PSP, no Largo da Penha de França, em Lisboa, em solidariedade com os dois repórteres fotográficos agredidos.
Os jornalistas alí presentes entregaram uma carta de protesto contra a actuação da polícia e exigem um pedido de desculpas formal pelo sucedido.
Eis o Vídeo-resumo da cobertura feita pelos médias e alguns dos cidadão anónimos presentes nos locais, das manifestações e da jornada de luta,  em Lisboa e no Porto:

RESPOSTA DO MINISTÉRIO DA ADMNISTRAÇÃO INTERNA
Na tarde de Sexta-feira dia 23 de Março, o Ministério da Admnistração Interna divulgou um comunicado em que "esclarece que a Inspecção-Geral da Administração Interna já abriu um processo de averiguações.
“O Ministério da Administração Interna lamenta os incidentes ontem verificados no Chiado e que envolveram jornalistas”, refere o comunicado.
A abertura do processo de averiguação aos incidentes verificar-se-à “sem prejuízo das diligências entretanto desencadeadas pela PSP sobre os mesmos factos”, refere a nota do MAI.
Anuncia ainda que vai convidar o Sindicato dos Jornalistas e os directores de informação dos órgãos de comunicação social para reuniões, na próxima semana, tendo em vista “a adopção de procedimentos adequados no sentido de evitar a ocorrência futura de idênticos incidentes”.
Também em comunicado " a Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública afirma que “tem feito com a antecedência necessária diversos apelos aos órgãos de comunicação social (...) para a necessidade de [os jornalistas] se identificarem, colocando-se sempre do lado da barreira policial que os separa dos manifestantes em geral”.
“Continuamos a verificar que tal não aconteceu nas manifestações levadas a efeito no dia de hoje [quinta-feira] e lamentavelmente tivemos necessidade de usar a força pública, num contexto de arremesso de cadeiras, pedras e outros objectos contra as forças policiais, que acabaram por originar ferimentos nos nossos agentes”, lê-se no comunicado
.
Jornalistas em protesto pelas agressões aos seus dois colegas
-Este tipo de atuação cada vez mais frequente das autoridades policiais para reprimir manifestações lembra cada vez mais "os tempos da outra senhora, pois vemos que cada vez mais são menores os direitos civís dos portugueses e com a desculpa da crise económica e do pagamento da dívida externa ao FMI vemos a crescente perda de regalias e benefícios sociais adquiridos na sequência da revolução de Abril de 1974.
Já se têm visto os grande cortes na saúde, as dificuldades crescentes do acesso à saude pelas camadas mais desfavorecidas da população portugesa e no plano laboral o novo e ainda recente acordo geral de concertação social veio estreitar ainda mais os direitos laborais dos trabalhadores que passam a estar cada vez mais à mercê da inescrupulusidade dos patrões.
REACÇÕES DA CGTP E GOVERNO
O secretário Geral da CGTP disse que irá pedir uma reunião de urgência ao primeiro-ministro baseado na “grande" adesão à greve geral, sem contudo ter avançado números , para pedir a "retirada de propostas de revisão laboral da administração pública e setor privado e políticas económicas que combatam a precariedade e o desemprego".
De acordo com os dados recolhidos até agora, fizemos uma grande greve geral, com um envolvimento dos trabalhadores semelhante ao que se registou às feitas recentemente", disse ainda Arménio Carlos, numa conferência de imprensa ao final do dia em Lisboa.
No encerramento da manifestação da CGTP frente à Assembleia da República, o secretário-geral da Intersindical já se tinha congratulado com as “grandes adesões” à greve geral desta quinta-feira e tinha anunciado novas formas de luta para os próximos tempos, incluindo uma greve parcial de duas horas dos trabalhadores do poder local para 12 de abril e protestos frente ao Parlamento na próxima semana contra o novo código de trabalho (discutido e votado na generalidade na quarta-feira).
Durante o discurso, Arménio Carlos criticou o facto de Portugal estar no terceiro lugar dos países com maior precariedade no emprego, situação de "23 por cento" do total de trabalhadores, atrás apenas da Polónia e da Espanha.
 "Em 2003, a precariedade era de 9 por cento, e Portugal estava abaixo da média europeia", acrescentou.
Também o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou em comunicado que a paralisação teve "um grande impacto" e constituiu "uma poderosa afirmação de descontentamento e protesto", destacando a forte adesão" na área industrial", no "sector dos correios", bem como "uma elevada adesão na administração pública, na administração local, na recolha de lixo, transportes urbanos municipais e sectores operários e auxiliares, na administração central, com centenas de escolas dos vários níveis de ensino e jardins-de-infância encerrados".
Já o
primeiro-ministro afirmou apenas que todas as greves e manifestações têm que ser respeitadas, sem fazer "nenhuma consideração particular" sobre a greve geral de hoje, preferindo reconhecer o "esforço grande que o país de um modo geral tem vindo a fazer".

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