por ISALTINA PADRÃO11 Março 2010 (in Diário de Notícias)
O DN esteve à porta da casa onde vive a mãe da namorada de Henrique Sotero.
Vizinhos contam que o casal concorreu a um concurso na televisão para comprar uma casa.
Às cerca de 40 vítimas que Henrique Sotero, mais conhecido como "o violador de Telheiras" confessou terem-lhe passado pelas mãos, o jovem "esqueceu-se' de acrescentar mais uma: Filipa, a namorada de longa data (nove anos), com quem vivia há três num apartamento em Massamá. Durante este tempo, Filipa conviveu com um homem que, no fundo, não conhecia e cuja vida dupla - a de violador - veio agora ao de cima.
Isso transformou a jovem em mais uma "vítima" de Henrique, como admitiu ao DN fonte da PJ.
O escândalo em torno de Henrique levou Filipa, de 27 anos, a ter deixado de trabalhar. Se se refugiou ou não na casa da mãe (como já foi dito), também em Massamá, não se sabe. Está incontactável.
O DN esteve ontem à sua porta, tocou à campainha vezes sem conta e a única resposta foi o ladrar de um cão.
Talvez o de Filipa, talvez o da mãe desta (ambas têm um cão de companhia).
A única que lhes resta, aliás, já que estas duas mulheres estão separadas dos companheiros.
De acordo com os vizinhos, os pais de Filipa - que é filha única e licenciada em Recursos Humanos pelo ISCTE -, estão separados há vários anos e esta jovem - que quem a conhece descreve como "muito afável e simpática" - perdeu o seu companheiro Henrique, de 30 anos, na sexta-feira quando este foi detido pela Judiciária.
Dos vizinhos da mãe de Filipa, poucos eram os que ontem sabiam que "o violador de Telheiras" era o namorado da jovem.
"Não pode ser verdade. Quando vinha aqui era sempre tão bem-educado.
E ela também é uma boa moça.
As vítimas do violador de Telheiras podem estar entretanto a suportar um trauma gigantesco e uma vivência difícil de aguentar.
Para as vítimas, algumas das quais que se deslocaram à judiciária para fazer o reconhecimento do suspeito, esta é mais uma etapa penosa das suas vidas.
Ao DN, o presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), Duarte Nuno Vieira, fala sobre as sequelas das agressões sexuais por via oral e de como esse comportamento é, actualmente, criminalizado de forma mais gravosa: "Andei anos a batalhar, dizendo que a violação não é apenas por via vaginal ou anal.
Por via oral, antes disso era uma pena menor, no entanto, urge ressalvar que essa prática é até mais humilhante, mais degradante e mais difícil de suportar para a vítima de agressão".
Sem querer referir-se à investigação em curso do violador de Telheiras, Duarte Nuno Vieira diz até que "nestes casos, as vítimas, por terem sentido uma vivência de humilhação, não partilham esse facto com os peritos forenses na fase da entrevista.
Só depois, na fase da colheita de vestígios se detecta essa agressão".
O estigma social é ainda um factor inibidor, quando, na entrevista perante os peritos forenses, a vítima sente vergonha e nega que tenha sido sujeita a práticas de sexo oral. "
Mesmo assim, porque há vítimas que escondem, são feitas recolhas de vestígios.
Muitas vezes, o resultado das zaragatoas e esfregaços confirma o contrário", diz o responsável máximo do INML.
Com o lema "o tempo que passa é a verdade que foge", Duarte Nuno reitera a necessidade de realizar as perícias destes casos "idealmente seis horas após a agressão", realçando que a entrevista à vítima "é crucial".
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